Lé com Cré



Austero e taciturno o tempo nos oferece mais que rugas e vagas lembranças. Carrega nossa bagagem de vida em uma bandeja, claramente divida entre mágoas e supostas felicidades. Distração para o cansaço, eis que se junta à bandeja uma confortável xícara de café quente. O eufemismo da vida para os desatentos. 


Pois que não culpe a ninguém, nem mesmo o tempo. Toda essa hierarquia do trabalho divide a sociedade há séculos. Ou melhor, culpe-se. Culpe-se por deixar de lado sua reflexão e ceder à mecanização do mundo.

Convivemos em uma sociedade que historicamente desenvolveu uma pré-seleção entre o que é bom, ruim, certo e errado. Cabe a nós decidir seguir tais doutrinas, temos a escolha. Viver na sociedade ou ser promovido à margem.

A sociedade julga sem pudor, obsoleta demais para renovação das idéias e valores. A ignorância é cômoda, teoricamente não há porque mudar pensamentos a.C. Demoraram tempo suficiente para serem construídos, assim como suas fogueiras da Inquisição.


Somos mutilados todos os dias e sequer percebemos.

“O direito à saúde foi reconhecido internacionalmente em 1948, quando da aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, ele foi incorporado como o “direito” à assistência em saúde dos trabalhadores com vínculo formal no mercado de trabalho, o que contemplava somente a parcela da população que contribuía para a previdência social e privava a maioria da população ao acesso às ações de saúde, restando a elas a assistência prestada por entidades filantrópicas.”
 - Caminho dos Direitos em Saúde no Brasil – Ministério da Saúde

Mas sentimos. A vida se esvai naturalmente, mas em uma fila de hospital a dor física mobiliza a psíquica. A realidade surge fria diante de nós, prejudicados de enfermidades. Somos privados de direitos para a promoção de algo maior. Infelizmente maior e melhor não são sinônimos.

“Um estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgado nesta sexta-feira (19), concluiu que a qualidade dos serviços de saúde prestados para pobres e ricos é tão desigual no Brasil que divide o país em dois.

Os inquisidores batem à sua porta com astúcia sobressalente. Usam sua ignorância.

“O conceito de saúde sustentado pela Reforma Sanitária se afina com o de qualidade de vida, entendida como a conquista histórica da capacidade de fruir e criar uma vida que atenda, dentro dos padrões da dignidade humana, as demandas de moradia, trabalho, transporte, lazer e propicie o acesso às ações integrais de saúde, a uma educação de qualidade e a mecanismos de resolução equânime e pacífica dos conflitos.”
 - Caminho dos Direitos em Saúde no Brasil – Ministério da Saúde

Mas ainda podemos fazer algo a respeito.

“O SUS é uma conquista popular em permanente processo de construção e aperfeiçoamento, inspirada num projeto de Estado de Bem-Estar Social. Essa característica o configura como um sistema contra-hegemônico, avesso a uma visão mercantil, excludente, centrada na recuperação do dano e afinada com o ideário neoliberal de esvaziamento dos compromissos sociais do Estado. Durante a década de 1990, medidas de cunho neoliberal trouxeram prejuízos ao processo de consolidação do SUS.”
 - Caminho dos Direitos em Saúde no Brasil – Ministério da Saúde

E continuar fazendo.


Huli Correia e Raphael Medeiros.



Consultas:
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Caminhos_do_Direitos_em_Saude_no_Brasil.pdf
http://noticias.r7.com/saude/noticias/ibge-diz-que-saude-no-brasil-divide-pobres-e-ricos-20101119.html

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